Escuta a tua dor
olha pra ela
vê
Fecha os olhos
sente
respira
é preciso espaço e tempo para reconhecê-la
mais ainda, para acolher
e nomear
A dor endurece as mais fortes
derruba as mais frageis
Transmuta quem tem coragem
de ser vulnerável
Um cantinho onde compartilho um pouco do que sou, do que fui, do que estou sendo... Seja benvind@...
Escuta a tua dor
olha pra ela
vê
Fecha os olhos
sente
respira
é preciso espaço e tempo para reconhecê-la
mais ainda, para acolher
e nomear
A dor endurece as mais fortes
derruba as mais frageis
Transmuta quem tem coragem
de ser vulnerável
Eu falei com as palavras
de muitas maneiras
as dúvidas
a irritação
a preguiça
presente em mim
Eu disse com as palavras
de muitas maneiras
da necssidade de silêncio
de espaço
de solitude
urgentes em mim
Eu manifstei com o corpo
de muitas maneiras
meu cansaço
meu desconforto
minha infelicidade
latentes diante do nosso relacionamento
O que eu falei
O que eu disse
O que eu manifestei
Não foi suficiente para ser compreendida
Você precisou invadir meus segredos
meu diário
minha intimidade sem filtros
Você precisou me ler as palavras
Ler as palavras que não escrevi para você.
para mais uma vez
invalidar tudo que eu expressei com o corpo, com a boca, com os olhos
O tempo para lavar roupa
Quem conta?
Conta ponto?
Se não é você quem lava, quem lava?
Na mão ou na máquina?
Quem coloca na máquina?
Quem estende?
Quem dobra?
Quem guarda?
Você paga alguém para lavar?
Em qual tempo da sua vida?
Vale alguma coisa parar seu tempo para lavar suas roupas sujas?
Vale quanto?
Quem conta?
Quem paga?
É possível escolher como viver? Hoje, sábado, 12:45, está quente e chove. Um dia branco e molhado. E em mim, aquele constante conflito ambíguo entre ser e devir: "que sei eu do que serei? eu que não sei o que sou. ser o que penso? mas penso ser tanta coisa..." que as vezes me sinto um nada.
Aquela sensação de que vivo o que não escolhi viver. Mas vivendo aquilo que sonhei. Será isso apenas a negação do que sou. Acordei tarde porque desejei. Mas eu realmente desejo acordar tarde?
Estou digitando. E isso não tem o mesmo efeito do que escrever, dizem os neurolinguistas.
Sentei aqui no computador para escrever-digitar- e organizar mental e psiquicamente - o que escolho fazer do meu dia. Se eu não escolher esse dia poderá ser somente mais um vivido com ou sem planejamento. Mas planejar não é necessariamente escolher.
Quero viver esse dia a partir das minhas escolhas. Escolher cada momento desse dia a viver como se fosse o último dia. Por que afinal, ele é. Como todos os dias são.
Tenho no keep uma lista de tarefas. Há muitas demandas, nada urgente: limpar a casa (mais uma vez); organizar minha situação financeira (diariamente adiada); ler, treinar, sair para beber, ver filme, consumir instagram, limpar meu celular, organizar as fotos, desentupir a pia. São tarefas do quotidiano
Deveria eu começar hoje a realizar meus grandes sonhos?
Organizar minha grande viagem, escrever meu livro, meditar, concluir a pesquisa, escrever o artigo, produzir conteúdo para as redes sociais e me tornar uma pessoa publicamente conhecida.
Escolher como viver parte de qual grande motivação? As urgentes, as necessárias ou as prioritárias tarefas da vida?
Ou... escolher como viver é sobre apenas respirar... inspirar e sentir... expirar e sentir... e somente ser.
Como eu escolho viver hoje?
Para onde você vai quando a festa acabar?
Existe um lar?
Que horas chega o fim para você?
Existe um limite?
A despedida é uma possibilidade tranquila para você?
Ou seu fim?
Ele me viu linda. Elogiou meu cabelo macio, minha gengiva marrom, meu inglês limitado, o tônus gostoso da minha pele. Me chamou de lady nos primeiros meses do relacionamento a distância quando ainda não havia acontecido o primeiro beijo. Estranhei esse elogio, provavelmente, típico estadunidense, mas soou como um valor reconhecido. Eu, que já ouviu outrora que não era o tipo para namorar, casar, e que era muito feminista e chata, pensei, ou ele não me conhece ainda ou está me mostrando outro sentido para essa palavra, lady. Era comum ele parar, cruzar os braços e ficar me observando e sorrindo. Às vezes só me observando. Eu fazendo alguma coisa, ele, em silêncio com o olhar atento. Não sei como se sente uma mulher branca quando é alvo de um amor. Mas eu, preta, me senti forte e poderosa.
Texto encontrado em 09/12/2023 (sobre um relacionamento de 2012 à 2019)
Aquilo que significa algo que precisa ser lembrado, atendido é importante!
Aquilo que tem valor, preço, estima, consideração é importante!
Aquilo que é digno de atenção e credibilidade é importante!
Aquilo que é interessante, útil, essencial é importante!
Pensar sobre o que é importante na minha vida, nesse exato momento, é um exercício necessário para que eu possa entender minha existência. Eu existo. Estou viva.
Sou uma pessoa.
Em que isso é importante? São quase sete bilhões de pessoas vivas no mundo. Eu sou uma, em sete bilhões. Sozinha, dentro desse universo, não sou nada importante. Sou uma agulha no palheiro. Como brasileira, sou uma em 212,6 milhões. Sou uma mulher preta. "As mulheres negras são mais de 41 milhões de pessoas, o que representa 23,4% do total da população brasileira." Vivendo no Ceará, sou uma entre 8,843 milhões de pessoas.
A forma que eu percebo estar viva se dá pelas responsabilidades que tenho e pelas relações que estabeleço com as pessoas, com a natureza, com as coisas. ok, existo e estou viva.
Sou uma pessoa que existe a partir das relações com aquilo que faço e com as pessoas com quem encontro. Então é importante para mim que estas relações sejam nutridoras de alegria. Isso é importante para mim. Estabelecer vínculos significativos nos encontros. Oferecer o meu melhor e receber o melhor da minha volta.
É importante para mim ser uma realizadora dos meus sonhos e ser uma orientadora para as realizações de sonhos de pessoas que encontro em meu caminho
(...)
Reclamou do meu amigo
Reclamou das minhas ex
Reclamou do ex
Reclamou do meu filho
Reclamou dos parentes
Reclamou dos vizinhos
Reclamou dos homens
Reclamou da minha postura
Reclamou da minha fala
Reclamou do meu silêncio
Reclamou do meu grito
Reclamou da mãe
Reclamou do pai
Reclamou dos amigues
Reclamou dos inimigues
Reclamou do cachorro
Reclamou da gata
Reclamou do ladynight
Reclamou da casa que mora
Reclamou da casa que morou
Reclamou das colegas com quem mora
Reclamou dos pelos
Re
Cla
Mou
Instragram é uma vitrine. E na vitrine a gente apresenta o melhor, né?
Uma janela de exposição, que para o "bem" ou para o "mal", mostra aquilo que queremos exibir e "vender": ideias, imagens, serviços, produtos, pessoas, paisagem, qualidades, comportamentos, candidatos, partidos, fé... O conteúdo é diverso.
Qual o efeito dessa vitrine? Exposição de conteúdo para produção de desejos? Exposição para atrair "consumidores"? Exposição para conquistar seguidores? Exposição para atrair as curtidas que possam legitimar o que somos?
Na vitrine não mostramos o pior, né?
O pior levamos pra terapia, pra intimidade, pro quartinho escuro, pras amigues e familiares... ou fingimos esconder pra que ninguém veja. Digo fingimos porque acreditamos esconder, mas de fato, o que somos de pior se revela por si só.
Poucos ousam mostrar o pior na vitrine. Por que não precisa, precisa?
Contudo, muitos e muitas de nós aqui se arriscam a postar e se "amostrar" (como diz a boa cearense)! Outras se arriscam a apenas assistir o que é “amostrado”. Ou as duas coisas.
Pois bem, cheguei de novo! E esse é o “textinho” de apresentação para minha volta ao instagram. Sempre tenho dúvida se quero estar aqui ou não. Por vezes quero boicotar esse sistema de imagem e controle social. Por outras, sou seduzida pela ideia de que é bom fazer parte dessa rede e desse grande encontro.
Então, vamos lá... Vou me expor e publicar na vitrine aquilo que no momento eu considere o meu melhor. Seja pessoal, profissional, político, besteirol, paisagem, viagens...
Vou começar com essa foto aqui. Arriscada porque estou de biquíni e é prática comum os julgamentos falso-moralistas de controle sobre o corpo da mulher. Arriscada porque sou uma mulher preta que social e historicamente é objeticada pelo seu corpo. Arriscada porque sei lá quem vai ver e o que vai dizer.
Mas é isso... vou começar com ela porque eu me acho linda nela. Uma quarentona cheia de vida, viajando por aí, com as plaquinhas que são minha cara. Coloco nessa vitrine a beleza da minha alma que vejo em meu corpo, minha cor, meu sorriso, meu olhar. (Escrever essa afirmação da autoestima não é tarefa fácil, fazer pose é mais)
#MulherPreta #Quarentona #PousadaBeijoMar #Tibau
Gosto amargo na boca
Em uma madrugada quente e silenciosa
Fecho os olhos
Inspiro profundamente
Tenho sede
Por que me é tão difícil beber água?
bell hooks morreu hoje
Olho pra ela na parede do meu escritório
E imagino em quantas madrugadas quentes e silenciosas ela se dedicou a escrever