20 abril, 2024

Como eu escolho viver hoje?

É possível escolher como viver? Hoje, sábado, 12:45, está quente e chove. Um dia branco e molhado. E em mim, aquele constante conflito ambíguo entre ser e devir: "que sei eu do que serei? eu que não sei o que sou. ser o que penso? mas penso ser tanta coisa..." que as vezes me sinto um nada.

Aquela sensação de que vivo o que não escolhi viver. Mas vivendo aquilo que sonhei. Será isso apenas a  negação do que sou. Acordei tarde porque desejei. Mas eu realmente desejo acordar tarde?

Estou digitando. E isso não tem o mesmo efeito do que escrever, dizem os neurolinguistas.

Sentei aqui no computador para escrever-digitar- e organizar mental e psiquicamente - o que escolho fazer do meu dia. Se eu não escolher esse dia poderá ser somente mais um vivido com ou sem planejamento. Mas planejar não é necessariamente escolher. 

Quero viver esse dia a partir das minhas escolhas. Escolher cada momento desse dia a viver como se fosse o último dia. Por que afinal, ele é. Como todos os dias são. 

Tenho no keep uma lista de tarefas. Há muitas demandas, nada urgente: limpar a casa (mais uma vez); organizar minha situação financeira (diariamente adiada); ler, treinar, sair para beber, ver filme, consumir instagram, limpar meu celular, organizar as fotos, desentupir a pia. São tarefas do quotidiano

Deveria eu começar hoje a realizar meus grandes sonhos?

Organizar minha grande viagem, escrever meu livro, meditar, concluir a pesquisa, escrever o artigo, produzir conteúdo para as redes sociais e me tornar uma pessoa publicamente conhecida.

Escolher como viver parte de qual grande motivação? As urgentes, as necessárias ou as prioritárias tarefas da vida?

Ou... escolher como viver é sobre apenas respirar... inspirar e sentir... expirar e sentir... e somente ser.


Como eu escolho viver hoje?

16 janeiro, 2024

Seja

Para onde você vai quando a festa acabar?

Existe um lar?


Que horas chega o fim para você?

Existe um limite?


A despedida é uma possibilidade tranquila para você?

Ou seu fim?






09 dezembro, 2023

Um experiência de amor

Ele me viu linda. Elogiou meu cabelo macio, minha gengiva marrom, meu inglês limitado, o tônus gostoso da minha pele. Me chamou de lady nos primeiros meses do relacionamento a distância quando ainda não havia acontecido o primeiro beijo. Estranhei esse elogio, provavelmente, típico estadunidense, mas soou como um valor reconhecido. Eu, que já ouviu outrora que não era o tipo para namorar, casar, e que era muito feminista e chata, pensei, ou ele não me conhece ainda ou está me mostrando outro sentido para essa palavra, lady. Era comum ele parar, cruzar os braços e ficar me observando e sorrindo. Às vezes só me observando. Eu fazendo alguma coisa, ele, em silêncio com o olhar atento. Não sei como se sente uma mulher branca quando é alvo de um amor. Mas eu, preta, me senti forte e poderosa.


Texto encontrado em 09/12/2023 (sobre um relacionamento de 2012 à 2019)


09 setembro, 2022

Importante

Aquilo que significa algo que precisa ser lembrado, atendido é importante!

Aquilo que tem valor, preço, estima, consideração é importante!

Aquilo que é digno de atenção e credibilidade é importante!

Aquilo que é interessante, útil, essencial é importante!

Pensar sobre o que é importante na minha vida, nesse exato momento, é um exercício necessário para que eu possa entender minha existência. Eu existo. Estou viva. 

Sou uma pessoa.

Em que isso é importante? São quase sete bilhões de pessoas vivas no mundo. Eu sou uma, em sete bilhões. Sozinha, dentro desse universo, não sou nada importante. Sou uma agulha no palheiro. Como brasileira, sou uma em 212,6 milhões. Sou uma mulher preta. "As mulheres negras são mais de 41 milhões de pessoas, o que representa 23,4% do total da população brasileira." Vivendo no Ceará, sou uma entre 8,843 milhões de pessoas. 

A forma que eu percebo estar viva se dá pelas responsabilidades que tenho e pelas relações que estabeleço com as pessoas, com a natureza, com as coisas. ok, existo e estou viva. 

Sou uma pessoa que existe a partir das relações com aquilo que faço e com as pessoas com quem encontro.  Então é importante para mim que estas relações sejam nutridoras de alegria. Isso é importante para mim. Estabelecer vínculos significativos nos encontros. Oferecer o meu melhor e receber o melhor da minha volta.

É importante para mim ser uma realizadora dos meus sonhos e ser uma orientadora para as realizações de sonhos de pessoas que encontro em meu caminho

(...)


16 julho, 2022

Reclamações

Reclamou do meu amigo

Reclamou das minhas ex

Reclamou do ex

Reclamou do meu filho

Reclamou dos parentes

Reclamou dos vizinhos

Reclamou dos homens

Reclamou da minha postura

Reclamou da minha fala

Reclamou do meu silêncio

Reclamou do meu grito

Reclamou da mãe

Reclamou do pai

Reclamou dos amigues

Reclamou dos inimigues

Reclamou do cachorro

Reclamou da gata

Reclamou do ladynight

Reclamou da casa que mora

Reclamou da casa que morou

Reclamou das colegas com quem mora

Reclamou dos pelos

Re

Cla

Mou

15 junho, 2022

Relato de um relacionamento abusivo

Uma observação a fazer: eu me acho uma mulher inteligente, amada e tenho grandes referencias de amor masculino, feminino. Cair nas armadilhas de um amor abusivo não é uma evidencia de problemas de personalidade, de caráter, de fraqueza. Chega de julgar as vítimas. Vamos julgar e tensionar aquele que comete o abuso. 

Os abusos de um relacionamento não são apenas aqueles manifestados com violência explícita. Há aqueles que não são tão facilmente percebidos. Estes, os abusos silenciosos, vão, teoricamente, precisar de certa recorrência para caracterizar um relacionamento como abusivo (e ou tóxico). Contudo, eles em si já produzem em nós, no momento em que ocorrem, sentimentos incômodos que merecem atenção, pois, se estivermos despertas, serão as evidencias necessárias para acreditarmos que, mesmo silenciosa e discreta, aquela prática é uma forma de violência. 

Se estamos em um relacionamento em que nos sentimos ferida de forma repetida é muito importante procurar pessoas de confiança para conversar e relatar o que está acontecendo. O incômodo que sentimos é um alerta do sistema emocional informando, através de crises de choro, angústia, raiva, irritação, tristeza, ansiedade, mal estar, desconforto, que aquele par amoroso está, em alguma dimensão física ou psíquica, violando nossa existência. 

O abuso é um comportamento cruel, ferino, insensível, bruto, duro, frio, tirano e por vezes, sádico, que coloca em relação de força e poder alguém que controla, subjuga, submete, manipula e/ou agride outro alguém, e gera, em seu corpo ou sua alma, dor e sofrimento. Qualquer pessoa pode ter um comportamento abusivo em algum momento de sua vida dentro de suas relações: mulheres, homens, crianças, velhos, jovens, lésbicas, gays, mães, pais, filhes. Contudo, quando praticado no cotidiano da relação, como um padrão de vínculo, de afeto, de comunicação, torna quem pratica, um abusador/uma abusadora. Esse padrão tem sido observado dentro das relações amorosas e denunciado por existir com predominância de ser praticado por homens (práticas sexistas), por pessoas brancas (práticas racistas) e por heterossexuais (práticas LGBTQIA+fóbicas).

Comigo aconteceu dentro de uma relação heterossexual. Ele CIS heterossexual e eu uma mulher CIS bissexual. Eu, mais velha, 40 anos. Ele 33. Nossa pele: negra. Ele guineense, eu brasileira.

Eu ouvi os sinais do meu sistema emocional (e do meu corpo) desde o primeiro ato abusivo. Essa voz que me alertou é chamada de intuição, inteligência emocional, mas também subjugada como loucura. Eu ouvi, mas demorei sete meses para conseguir acreditar e validar que eu estava em um relacionamento abusivo, mesmo reconhecendo, desde o primeiro incômodo, as atitudes ferinas deste parceiro. Eu ouvi as vozes me dizendo que o amor não estava sendo servido como nutrição. Desabafei com algumas amigas, mas por uma crença cultural que o "amor" transforma tudo, eu resolvi ignorar as vozes e acreditar que, com o tempo aquele homem iria se transformar. 

Demorei a romper o vínculo por que acreditei que os atos dele eram "sem querer", inconscientes e frutos do machismo que o tinha adoecido. Acreditei que aquele homem seria transformado pelo amor para construir uma relação baseada na nutrição do bem estar. Busquei humanizar quem não estava nem pedindo para ser humanizado porque internalizei um, dos tantos mitos da masculinidade, que diz: homem é assim mesmo, a mulher tem que educá-lo. Cai no erro romântico de tentar até dar certo, mesmo sofrendo. Me responsabilizei pelas reações que eu tinha diante dos abusos, sempre dizendo o que eu sentia, sem o responsabilizar pelas ações abusivas que me machucavam. Foi uma relação que me derrubou.

Cai, mas levantei. E agora faço o registro público dos atos abusivos que vivi nesse relacionamento como um exercício para romper com o padrão de aceitação desses atos como algo inofensivo ou "coisa da minha cabeça". Pontuei, nomeei e descrevi as ações dele, que no conjunto da relação, me feriram, me machucaram, me fizeram chorar escondida com medo e ansiedade. Agora estou bem, e me somo ao movimento que diz "Chega de abuso!". Precisamos, no mínimo, visibilizar o que é um abuso sofrido e CONSTRANGER quem causa os atos abusivos, para tentar minimizar os abusos que eles seguem causando a outras pessoas. Quanto mais informações temos, mais nos protegemos.

Esse relato se soma a outras vozes de mulheres que na literatura, na ciência, no cinema, na filosofia, nas redes sociais, vêm tornando público o que tem sido tratado como segredo de quarto, de casamento, de namoro, de família. Este meu manifesto trata de uma experiência real, particular e única, mas que é comum e similar a tantas outras. Segundo a ONU,  3 em cada 5 mulheres são vítimas de relacionamento abusivo.

Uma observação a fazer: Sim, houve instantes de amor, carinho e alegria dentro desse relacionamento. Esses instantes faziam eu acreditar que era importante tentar fazer dar certo. Mas esses sentimentos que geram bem estar não eram a base, não eram o padrão, não eram a rotina. 

Outra observação a fazer: eu me acho uma mulher inteligente, amada e tenho grandes referencias de amor masculino, feminino. Cair nas armadilhas de um amor abusivo não é uma evidencia de problemas de personalidade, de caráter, de fraqueza. Chega de julgar as vítimas. Vamos julgar e tensionar aquele que comete o abuso. 


Os 14 atos (MAIS) abusivos de um relacionamento abusivo:

1º ato - Usa pessoas para falar bem dele

Ele não respeitou o fato de eu estar me relacionando com uma mulher quando me foi apresentado e usou UMA AMIGA para chegar em mim.  Fomos apresentados por um casal amigo, mas eu não havia me interessado ao ponto de percebe-lo. Eu estava com alguém e ele viu e mesmo assim fez um movimento para me atrair. O abusador pode usar pessoas "amigas" para apresentá-lo e validá-lo como uma pessoa incrível. Ele ficou durante quase um mês convencendo essa amiga e seu marido a nos aproximar. Ele então enviou recado que gostaria de me conhecer e foi por meio desse casal que me chegou o testemunho que ele era um cara respeitável, digno, confiável, que fazia ações voluntárias na cidade. Assim me atraiu para seu território de conquista, respaldado por pessoas de minha confiança, que depois eu soube, não conheciam nada sobre ele e o passado dele.

2º ato - Uma pizza com as amigas para validá-lo

Logo no início me convidou para sair. Não era um date, eu e ele, como geralmente são os inícios para mim. Era eu, ele e a "turma" dele. A turma de muitas mulheres que não pareciam saber que eu era uma convidada. A primeira coisa que percebi quando cheguei na mesa em que estavam cerca de seis mulheres e ele, foi o olhar de uma que sorriu forçado e constrangida. Ali ele mostrou por mim afeto, paixão. Eu entendi que ele queria que as "amigas" soubessem de mim. Lembro de ter dito para minha psicóloga que eu estranhei aquele movimento. A consideração que ela fez foi para pensamos nas minhas inseguranças. Paguei metade da conta que ele não pediu, mas eu senti uma pressão para pagar e não sei explicar como. Ele continuo na mesa com as amigas e eu voltei sozinha pra casa. Esse convite nunca mais se repetiu em sete meses. 

3º ato - Minhas meninas, vulneráveis e instáveis

A primeira discussão que tivemos foi quando ele se referiu a turma dele como "minhas meninas" e eu questionei a linguagem. De forma tranquila perguntei, suas? não seria as meninas delas mesma. Quando ele foi argumentar utilizou vários termos que colocavam as amigas como vulneráveis, ansiosas, deprimidas que precisavam do atendimento dele. Que ele era um "cuidador" delas. E que muitas vezes elas ligavam pra ele tarde da noite pra conversar sobre relacionamentos abusivos que elas tinham e que elas confiavam nele. Eu também estranhei isso, mas segui. Me assegurou que algumas delas parecia depender dos cuidados dele e que ele conseguia manter a distancia "profissional". O abusador vai tentar fazer com que acreditemos naquilo que intuímos que não é verdade.

Depois descobri, através de relatos de algumas estudantes, que ele tocava o corpo sem o consentimento das "meninas dele". Ele era o "treinador" voluntário delas. E se aproveitava de algumas situações para tirar delas o que era conveniente para ele.

4º ato - Surpresa, estava passando por aqui

Podia ser às 6:00 da manhã, às 12:00, às 15:00, às 23:00... Sem uma comunicação ou acordo prévio ele enviava uma mensagem dizendo que estava passando aqui no meu portão de casa. Sempre tinha uma justificativa maravilhosa que era me dar um beijinho e saber como estava. Essas surpresas me tiravam de aulas, de reuniões, de atividades domésticas, de treinos, que me deixavam um pouco incomodada, mas eu disfarçava para não "estragar" a surpresa dele. Contudo, das vezes que eu mencionei ir na casa dele sem avisar, fui alertada por ele que aquilo não seria legal. ele podia fazer surpresas, eu não. As surpresas me geravam certa angústia, mas tentei entender isso na perspectiva da paixão. Uma vez chegou no meio do meu treino sem me avisar com a desculpa que queria me ver porque estava com saudades. Como eu tinha um personal, desconfiei que aquela surpresa era um controle, mas ignorei com a desculpa de fazer aquele relacionamento dar certo.

5º ato - Insistência naquilo que eu digo NÃO

Meu não, não era respeitado. E eu precisava reafirmar um não inúmeras vezes. Ele insistia com o objetivo de fazer eu aceitar um sim que não era meu desejo. Como exemplo, ele chegava de surpresa e dizia: vamos fazer uma loucura, larga tudo e vamos curtir a vida. Eu dizia, não, eu preciso trabalhar. Na sequencia, eu passaria 30 minutos para convencê-lo a deixar eu trabalhar. Ele utilizava vários argumentos, inclusive, que eu não era feliz pq trabalhava muito, o que não é verdade. A insistência ia me deixando zangada, o que levava ao sexto ato...

6º ato - Me achava fofa com raiva

Sentia prazer em provocar meu desprazer. Me chamava de fofa no início, depois me chamava de chata.

7º ato - Um plano para minha carreira (mas jurou que não me conhecia antes)

Me chamou empolgado para uma conversa. A relação estava caminhando para o segundo mês e nesse período falava sempre que oportuno que nunca tinha me visto antes. nem ouvido falar de mim.  Então foi muito estranho quando cheguei na casa dele e sentei para ouvi-lo. Ele começou dizendo que "estava pensando" no que eu havia feito de errado na campanha para reitoria. Oi? E que se eu considerasse fazer o que ele havia planejado eu teria grande chances de ganhar na próxima vez. Confesso que eu ouvi, silenciosa, agradeci e voltei pra casa. Mas durante todo o tempo que ele falou e me senti mal. Em casa eu comecei a ficar ansiosa. E a minha reação foi não falar mais com ele. Fiquei estranha. Após esse ato eu pensei em terminar pela primeira vez. 

8º ato - Vou te fazer mulher
Poderia ser somente uma performance sexual, mas essa fala vinha carregada de uma séria de discursos sexistas. Mulher é isso, mulher aquilo, mulher é assim, mulher é assado... Esse ato está muito relacionado com os dois seguinte: Correção dos meus atos e  Sexo depois das brigas

9º ato -  Correção dos meus atos
Era muito comum ele fazer expressões faciais de incomodo diante da minha forma de ser, de falar, de pensar, de dirigir, de sorrir. Uma vez, me disse acompanhado de uma expressão muito séria: "o tom alto da sua voz está me incomodando". Eu reagi imediatamente informando que a ação dele era controladora. Ele começou a explicar que pessoas estavam nos olhando e nos ouvindo e que eu, "uma professora", devia estar preocupada com isso. Só que eu sei, eu estava falando como eu sempre falo, em um café que sempre ia com amigas, familiares e nunca, ninguém me falou isso, nunca pareceu que eu deixo pessoas desconfortáveis com meu tom de voz. Esse é só um exemplo de outros tantos que ele tentava me corrigir. Eu reagia, eu brigava, eu não aceitava as correções dos meus atos, mas a recorrência das correções foi me deixando insegura, irritada. Muitas vezes as correções eram feitas em tom de brincadeira. O que ele queria corrigir, como minhas ideias e meu tom de voz, é parte da minha forma de expressão. Esses atos mostram uma tentativa de controle sobre quem eu sou. E me colocava numa perspectiva de estar inadequada ao lado dele. Em algumas vezes que eu cedia atendendo as expectativa dele e ele manifestava alegria. Uma coisa que ele sempre fazia era pedir para eu cozinhar para ele. Dizia que isso era prova de amor, que uma mulher que não sabe cozinhar era isso ou aquilo. Mas nessa, eu nunca cai.

10º ato -  Sexo depois das brigas ou Silêncio (GELO)
Quando havia um conflito que exigia um afastamento ou uma conversa ele queria resolver fazendo sexo. Quando eu forçava a importância de conversar ele ouvia, soltava uma ironia com deboche, dizendo "nossa, você é muito boa com as palavras". E ficava em silêncio. Depois vinha pra cima de mim, na performance de homem apaixonado, para me beijar e fazer sexo. Eu cedi várias vezes. Das vezes que eu não cedi ele foi embora e sumia. Não me procurava, não queria conversar. Depois de longos dias, ele aparecia com uma surpresa ou pedindo uma ajuda a "professora". O que nos aproximava novamente.  Quando ele não voltava eu ia atras. Foi comum ele sumir, me ignorar e depois aparecer como se nada tivesse acontecido. Geralmente, voltava pedindo minha ajuda em alguma coisa (11º ato).

11º ato - Me ajuda, por favor
Chegava manhoso, carinhoso e pedia para eu ajudar em alguma coisa do "trabalho". Dizia que se eu ajudasse seria mais rápido, mais efetivo. No início eu fazia com prazer, mas depois foi tomando meu tempo. Eu parava de fazer meus trabalhos para fazer os dele. Era tanta artimanha e manipulação que eu fazia rápido para poder voltar para minhas coisas.

12º ato - Minhas amizades não prestavam
Sobre todas as pessoas ao meu redor, TODAS. Inclusive o amigo dele que era meu amigo. Ele tinha algo para me alertar sobre. Sempre num tom: cuidado com essa pessoa é melhor você não confiar.

13º ato -  Eu sou a errada
Ele nunca usou essa frase literalmente, mas agia assim quando eu expressava minhas discordâncias. Era comum ele fazer eu pensar que "meu jeito" estava errado.

14º ato - Não gosto de beijos em lugares públicos / Não posso segurar sua mão
Esse abuso foi um dos que mais me violentou. Ele tentava me convencer que a personalidade dele era reservada. Que ele não costumava beijar namoradas em publico. Nas primeiras semanas, para me conquistar, ele andou de mãos dadas e me beijou publicamente. Depois, ele não gostava mais de sair, adorava ficar na minha casa. E estava sempre que queria. E quando saíamos para dar uma volta era tarde da noite ou cedo da manha, por que ele dizia que eram os melhores horários para ele. Quando eu o chamava para ir a algum rolê, ele dizia que, para me proteger, era melhor eu não ser vista com ele, porque eu era uma professora. Mas quando ele era visto comigo, ele adorava me apresentar como a amiga professora da UNILAB. Foram várias as vezes que discutíamos por causa disso. Eu me chateava, chorava, brigava. E ele sempre argumentava que isso não era tão importante, que ele sempre foi assim. Até que eu encontrei ele numa festa fazendo o que? Beijando uma outra mulher publicamente. Vi uma vez, mas amigas viram outras vezes. 

PONTO FINAL PARA OS ABUSOS

Após uma sequencia de atos frios desse homem eu fui me acalentar lendo bell hooks. Aleatoriamente peguei o capítulo Vendendo uma buceta quente, do livro Olhares Negros, e fui tomada de muitas percepções que já sabia, mas estava cega. Escrevi um poema para ele no dia 10 de março de 2022, carregada de muita dor.  Após isso coloquei um ponto final. Acabou. Ele tentou se aproximar de mim de algumas formas indiretas. Nunca diretamente. No início eu saia do espaço onde ele estava. Certo dia, no meu treino matinal ele apareceu com uma garota, eu fiquei muito nervosa. Meu amigo que não sabia de nada percebeu e ao chegar em casa me enviou uma mensagem pelo whatsapp: "Carol eu sei que não é Minha conta, mas se não estou  equivocado vc estava fugindo do cara lá na Santa Rita, não sei o quê que ele te fez mas vc não está no Espaço de ninguém, da próxima vez vamos descer pelo mesmo caminho que subimos e não vamos fugir de ninguém. Vamos enfrentar o que tiver na frente mas não quero vc desviando o caminho por causa de alguém. Podemos desviar de caminho por causa de Cabras mas não de alguém". Essa mensagem me fez chorar muito mas também me fortaleceu. A medida que fui conversando com minha namorada, amigas, amigos e familiares, eu passei a entender melhor as ações abusivas desse homem que continuavam após o fim do relacionamento. Fui me fortalecendo  no apoio. Hoje me sinto parte de uma rede que não se cala mais.

16 março, 2022

Tóxico

eu fumo
e não é sobre lazer,
                        durante uma cerveja
numa festa qualquer

é vício.


Parei de fumar dia 16/10/2021




Instragram é uma vitrine

 Instragram é uma vitrine. E na vitrine a gente apresenta o melhor, né? 

Uma janela de exposição, que para o "bem" ou para o "mal", mostra aquilo que queremos exibir e "vender": ideias, imagens, serviços, produtos, pessoas, paisagem, qualidades, comportamentos, candidatos, partidos, fé... O conteúdo é diverso.

Qual o efeito dessa vitrine? Exposição de conteúdo para produção de desejos? Exposição para atrair "consumidores"? Exposição para conquistar seguidores? Exposição para atrair as curtidas que possam legitimar o que somos?

Na vitrine não mostramos o pior, né? 

O pior levamos pra terapia, pra intimidade, pro quartinho escuro, pras amigues e familiares... ou fingimos esconder pra que ninguém veja. Digo fingimos porque acreditamos esconder, mas de fato, o que somos de pior se revela por si só.

Poucos ousam mostrar o pior na vitrine. Por que não precisa, precisa?

Contudo, muitos e muitas de nós aqui se arriscam a postar e se "amostrar" (como diz a boa cearense)!  Outras se arriscam a apenas assistir o que é “amostrado”. Ou as duas coisas.

Pois bem, cheguei de novo! E esse é o “textinho” de apresentação para minha volta ao instagram. Sempre tenho dúvida se quero estar aqui ou não. Por vezes quero boicotar esse sistema de imagem e controle social. Por outras, sou seduzida pela ideia de que é bom fazer parte dessa rede e desse grande encontro. 

Então, vamos lá... Vou me expor e publicar na vitrine aquilo que no momento eu considere o meu melhor. Seja pessoal, profissional, político, besteirol, paisagem, viagens...

Vou começar com essa foto aqui. Arriscada porque estou de biquíni e é prática comum os julgamentos falso-moralistas de controle sobre o corpo da mulher. Arriscada porque sou uma mulher preta que social e historicamente é objeticada pelo seu corpo. Arriscada porque sei lá quem vai ver e o que vai dizer.

Mas é isso... vou começar com ela porque eu me acho linda nela. Uma quarentona cheia de vida, viajando por aí, com as plaquinhas que são minha cara.  Coloco nessa vitrine a beleza da minha alma que vejo em meu corpo, minha cor, meu sorriso, meu olhar. (Escrever essa afirmação da autoestima não é tarefa fácil, fazer pose é mais)

#MulherPreta #Quarentona #PousadaBeijoMar #Tibau

16 dezembro, 2021

16122021

Gosto amargo na boca

Em uma madrugada quente e silenciosa

Fecho os olhos

Inspiro profundamente

Tenho sede

Por que me é tão difícil beber água?


bell hooks morreu hoje

Olho pra ela na parede do meu escritório

E imagino em quantas madrugadas quentes e silenciosas ela se dedicou a escrever





Janelas abertas
uma taça de vinho
nao sinto a brisa
calor

uma taça de vinho
um computador
um relatório pra concluir
Calor

Ouço o calor e o silêncio
Da noite e do meu corpo
Quietos!
Escuros!

Arvores sem movimento revelam-me que aqui dentro
a paixão 
muda

Ele, 2019

Como música
que por meio das ondas sonoras
penetra minha existência
para além da minha audição
ele me toca.

Como pandeiro
que ao toque da minha mão
vibra em meu corpo
produzindo um som
ele me alegra

Como uma dança
que através da melodia
promove meu movimento
e transpiração.
ele me inspira.

Voa voa voa

Mais vale dois pássaros voando
que qualquer vida em minhas maos

Essa ideia de propriedade sobre um ser
                                                     um animal
                                                       um sentimento
                                                          um relacionamento
Mata quem prende e quem é prendido

Não há beleza em por um canarinho cantando na gaiola
A alegria está em ver o passarinho voar e pousar onde ele deseja

30 dezembro, 2019

Sexo


Mas, Porque eu faço sexo?
Para gozar?
Para ter um orgasmo?
Para trocar carinhos?
Para tatear a pele de alguém e sentir suas mãos em meu corpo?
Para beijar? Chupar? Sugar?
Para experimentar com a língua o gosto de alguém?
Para penetrar e ser penetrada?
Perguntas que me respondem.

Quando penso em sexo, a parte que mais me alegra é o encontro.
A tensão do desejo,
Os olhares que expressam o querer,
Eu te quero, Você me quer…

O desenho do corpo que me excita.
aaaa o corpo… Eu gosto de um corpo desenhado:
braços, pescoço, costas, barriga, bumbum, pênis, vagina…
Olhar me excita.

Gosto da brincadeira de seduzir,
do tempo lento para sentir cada movimento da dança a dois…
Ou à três (de vez em quando).
Gosto do tempo lento do movimento:
“Que é pra eu ter tempo, tempo de”…. SENTIR

Sóbria?
Quando segura.
Pois há ainda insegurança habitando em mim.
Uma taça de vinho, por favor, e meia luz...

Por muito tempo fiz o sexo performance… e as vezes ainda caio nessa.
Velhos hábitos aprendidos na cultura brasileira.
Tenho evitado. Estou mais consciente. Não me agrada. Não gosto.
A performance tem roteiro. Sabemos como começa e como termina. Pode ser bom. 
O espasmo orgástico é bom.
Mas bom não é ÓTIMO.
Sexo ótimo transcende!
Sexo ótimo está para além do sexo, é sexualidade.
É vivencia.
É experimento do outro, com o outro, no outro. Dentro.
Intenso!
Erótico!
Quente!
Nem morno nem frio.

Pode ser devagar, lento, quase parando… mas quente.
Pode ser rápido, direto, preciso…. Ofegante. E quente.
Tem que suar? Nem sempre.
Mas é ótimo quando acontece.

Importante é ter tempo para viver o prazer e senti-lo.
O tempo da CONEXÃO.
O poder da conexão!
Conexão. É isso.
É isso que preciso no sexo.
É preciso ter linhas energéticas conectando duas pessoas.
É preciso ter algum elo:
intelectual, físico, emocional, social, sentimental…
De Corpos
Ideias
Admiração
Cheiro
Mãos
Pele
Emoção
Sentimento
Silêncio

Faço sexo por que quero Vínculo:
- o desejo, o querer, o tesão
Nem precisa ter intimidade, no sentido de familiaridade ou amizade ou conhecimento
Intimidade na conexão.
Reciprocidade na intenção.
Intimidade recíproca na intenção:
- o desejo, o querer, o tesão
Estar presente no encontro.
PRE – SEN – ÇA!
Corpo presente na experiência.
Para sentir a energia percorrer meu corpo
Eletrizar
Explodir
Morrer
E renascer.



*Escrito no exercício de uma sessão na terapia.

Eu

Onde começa a minha história?
No nome?
Carolina Maria Costa Bernardo
Carol Costa Bernardo
Carol

Na cidade que nasci? Na cidade que cresci?

Quando começa minha história?
Na data que minha mãe pariu, dia 29 de maio de 1981?
Em algum dia no mês de setembro ou outubro de 1980?
Quando o encontro do óvulo de minha mãe com o espermatozoide do meu pai aconteceu?
No dia que minha mãe e meu pai se conheceram? Ou meus avós? Ou meus tataravós?
No dia que tomei consciência de minha existência enquanto ser única, distinta de outras e outros?
Quando comecei a me relacionar com as pessoas?
Quando nasce meu filho?

Sobre o que trata a minha história de vida?
Amor? Dor? Relacionamentos? Lugar? Conquistas? Lutas?
Sobre ascendência, descendência?

Qual o valor da minha história?
Está na trajetória?
No que sou?
No que faço?
No que tenho?
Em como me relaciono?

Conto 38 anos e 6 meses desde o dia do parto, ás 06:30.
De lá pra cá, não dá para lembrar tudo que vivi.
São muitos detalhes.
Objetivos, subjetivos
Está tudo registrado nas paredes do inconsciente.
Guardado. Porém, não facilmente acessível.
Escondido nos labirintos?
Alguns momentos estão em fotos. Outros nas narrativas contadas pela família, amigos.
Registros...
Experiências. Muitas experiências.







19 outubro, 2019

Uma carta ao Amor

Amado Amor,

Por que andas tão envergonhado, assustado e inibido?
Ao te ver acuado pelos cantos fico a me perguntar: Cade tua coragem?
Sinto falta do teu romantismo, da tua força, tua decisão. Houve um tempo em que te mostravas ousado e não hesitavas em se manifestar, escrever cartas, fazer serenatas, gritar dançando na chuva...

Confesso que não gosto muito dessa nova forma de “cutucar” e dessa rapidez com que mostra o sexo e a nudez. A atitude  audaciosa de ficar nu na primeira noite, ao passo em que hesitas revelar em palavras qualquer sentimento. Com medo do que vão pensar?

Corpos nus em oposição aos sentimentos tão bem vestidos e maquiados.
Por favor, querido, remova as máscaras em seu rosto.

Grande Amor,
Era tão bom aquele tempo que choravas diante de mim cantando desafinado nossa música favorita 
ou declamando nosso poema de cabeceira.

Hoje pareces tão arredio... as vezes tão bravo
não sabes o que sente, o que quer
Cheio de dúvidas sobre o eterno e o efêmero

Mesmo assim,
Eu ainda sonho contigo
Ainda acredito que ressurgirás e mostrarás que sem você a vida não tem cor, som, sabor...

Ainda te quero
Eu te quero Amor
Te quero de volta... te quero intenso... te quero corajoso, declarante, vivo
Te quero azul
Vermelho
Quente
Te quero ousado
Te quero evidente
Eu te quero ver pulsando, correndo...
Faça meu olhar brilhar novamente
Grite sua existência
Inunda-me com tua essência
E faça transbordar o sentimento de fazer bem...
Nada vai me fazer desistir de você.



Memória

Tenho no meu corpo a memória do prazer dos encontros...
o olho no olho
o abraço
o cheiro
o toque dos lábios que apenas se encostam e se  sentem, lentamente
a dança
a boca molhada que devora os sexos
a penetração...

Tenho no meu corpo a memória do desejo que experimenta
que morde
que devora o corpo nu
que chama pelo nome...

A memória do sussurro
O sabor do suor
da saliva
da beleza do falo
E da sua intensidade

O encontro sagrado e profano do acaso
da surpresa
do medo e da coragem
da dúvida e da certeza

01 setembro, 2019

Paixões

Dá um choque quando acontece
Você vê o outro
E uma descarga elétrica percorre o corpo inteiro
Num instante
Num triz
Num piscar

São segundos de um olhar que identifica,
a imensidão onde você quer parar e ficar
conhecer
explorar
penetrar

Segundos de um olhar que magnetiza
O que foi isso?

Sorrisos
frio na barriga
Alegria genuína

E dor!
Dói, destrói, desconfigura,
Que agonia é essa?
Que olhar foi esse?

Acreditei por muito tempo que precisava morrer de paixão, ou não viveria.
Dessas paixões que encontramos no olhar do outro.
No corpo do outro
No sexo do outro

Hoje não...
Hoje quero viver a paixão no encontro comigo mesma.

Uma paixão que me reconfigure
Que me faça penetrar minha mais íntima célula,
Chegar ao átomo
ao núcleo...

24 agosto, 2019

Compromisso

Não posso me comprometer com a eternidade
E assinar um contrato com o para sempre
Mesmo que habite em mim o desejo de ser teu par em cada dia da minha vida.

Não posso afirmar que vou querer a mesma coisa amanhã
e depois de amanha e depois e depois e depois
Desculpa!

Sou inconstante
Mutável
Metamorfose
Impermanência
Cíclica em espiral
Sou o hoje
O agora

E vou mudar...
Sim, eu vou mudar.
Para sempre vou mudar... e isso pode, inclusive, nem ser uma certeza.
O sempre não existe.

"O pra sempre, sempre acaba..."

Se você aceitar, sem se violentar
Posso dar para você o que dou para mim:
O compromisso com a minha verdade, como ela chega
da forma que chega
na intensidade que chega

Posso te amar como me amo, hoje
Posso viver com você o compromisso de hoje
O compromisso de olhar em seus olhos e revelar o que tem aqui
O compromisso em respeitar seus sentimentos
E te ouvir
E te acolher
E te compreender
Sem desrespeitar os meus sentimentos...

Ofereço-me para viver o compromisso com nossas descobertas
O compromisso com o prazer e a alegria
O compromisso em compartilhar a dor e aprender com ela
O compromisso com o abraço
O compromisso com a escuta
O compromisso com a penetração segura
O compromisso em experimentar
O compromisso de fazer o hoje o eterno
Vivendo realmente a ideia que o amanhã não existe.

03 agosto, 2017

Eu sou....Complexa!

Eu sou pensativa...
e meditativa.
Eu sou sonhadora...
e realizadora.
Eu sou agressiva...
e terna.
Eu sou impulsiva...
e moderada.
Eu sou amiga...
e inimiga.
Eu sou sorridente...
e séria.
Eu sou mimada...
e madura.
Eu sou teimosa...
e flexível também.

Eu sou desconfiada...
e crente.
Eu sou emotiva...
e racional.
Eu sou musical...
e fora do tom.
Eu sou professora...
e estudante.
Eu sou dona da verdade...
e da mentira também.

Eu sou correta...
e incorreta.
Eu sou justa...
e injusta.
Eu sou dançante...
e paradona.
Eu sou sedutora...
e sem encantos.
Eu sou intolerante...
e paciente.
Eu sou compreensiva...
e incompreensiva.
Eu sou impaciente...
e também sou tranquila.

Eu sou honesta...
e desonesta.
Eu sou impositiva...
e democrática.
Eu sou simpática...
e boçal.
Eu sou desorganizada...
e organizada.
Eu sou lenta...
e rápida.
Eu sou preguiçosa,
e disposta também.

Eu sou otimista...
e pessimista.
Eu sou distraída...
e atenta.
Eu sou explosiva...
e contida.
Eu sou determinada...
e incerta.
Eu sou ex-fumante...
e fumante.
Eu sou produtiva...
e procrastinadora.
Eu sou dorminhoca...
e desperta.
Eu sou criativa...
e estéril também.

Eu sou falante...
e sou ouvinte.
Eu sou silenciosa...
e barulhenta.
Eu sou inteligente...
e ignorante.
Eu sou dispersa...
e focada.
Eu sou informada...
e alienada.
Eu sou desenrolada...
e enrolada também.

Eu sou grosseira...
e delicada.
Eu sou mal-humorada...
e sou de boa.
Eu sou prestativa...
e imprestável.
Eu sou brincalhona...
e chata.
Eu sou cuidadosa...
e desleixada.
Eu sou de passear,
e adoro ficarem casa também.

Eu sou de fé...
e descrente.
Eu sou mãe...
e filha.
Eu sou amorosa...
e odiosa.
Eu sou feliz...
e infeliz.
Eu sou trabalhadora...
e ociosa.
Eu sou mística...
e cartesiana.
Eu sou receptiva...
e fechada.
Eu sou leal...
e sou desleal também.

Eu sou fiel...
e infiel.
Eu sou feminina...
e masculina.
Eu sou sagrada...
e profana.
Eu sou grata...
e ingrata.
Eu sou feia...
e linda.
Eu sou confiante
e sou insegura também.


Porque um ser não pode ser uma única coisa sempre. Compreender a complexidade é um ato de amor e generosidade consigo mesmo.

06 dezembro, 2016

Faz diferença

Que a maternidade não se resuma em fazer as coisas para os filhos.
                    - e sim, fazer com eles!

22 novembro, 2016

Tristeza*

Hoje me sinto triste
Muito
Dói
Aquela tristeza que fere a língua com palavras ariscas
Do tipo que torna a pessoa orgulhosa e vingativa - Na defensiva
Uma tristeza cruel
Sádica
Que no fundo não percebe que essa dor é reflexo do vazio
Que desassossega a alma entre o passado e o futuro
Entre o pensamento e a fala
Entre um piscar e outro
Caetano adora aquela música de Vinicius 
“é melhor ser alegre que ser triste...”
Mas, Caetano...
A alegria nos torna tão insensíveis
Tristeza não!
Dor que aguça todos nossos sentidos
Nos faz perceber a emoção do olhar
A presença e a ausência
A intenção


*Em Novembro/2010


07 setembro, 2016

Intuição

Sempre fui convicta sobre meu poder de intuir.
Sinto a emoção futura que virá e antecipo cenas que verei.
Não é fácil!
Porque dói o corpo e a mente se inquieta ansiosa para comprovar sua faculdade de perceber, discernir e pressentir as coisas,
independentemente de raciocínio ou de análise.
Eu sei, vai acontecer.
E diante da urgência em evitar o fato, eu me antecipo em mostrar o poder (como uma vantagem)
Causando desconfortos e mentiras de quem nem sequer sabe o que irá exatamente fazer.

Se eu grito a intuição,
Enlouqueço!
Se eu silencio a intuição,
Adoeço!

Qual o caminho então?
Meditação?
Qual a razão de uma intuição?
Proteção?
Que tipo de poder é esse que causa tanta inquietação?

Quanta pressão!!!

06 setembro, 2016

Das coisas que eu preciso

Das coisas que preciso:
urgentes,
necessárias,
ou vitais.
Não posso exigir do outro, aos gritos!
Nem esperar, em silêncio.

Urgentes, necessárias e vitais
São as coisas que eu preciso dar para mim
Sem esperar (aos gritos ou em silencio) que me deem.

Dos outros, preciso deixar que sejam o que são
que deem o que querem dar.

De mim, espero apenas a decisão consciente de aceitar ou rejeitar:
é de fato o que eu preciso?
é de fato urgente, necessário e vital?

E fazer, sair, lutar e conquistar...
as coisas que eu preciso!

Sem gritos e sem silêncio!
No verbo.
com ternura
respeito
e motivação.


30 agosto, 2016

Deméter

Deméter, Deusa mãe
Daí-me o poder da doação!
Que eu possa oferecer antes de pedir.
Que eu possa entender uma dor que não seja minha.
Que eu possa oferecer um copo d’água a quem chega cansado,
mesmo que me tire de um sono.
Que eu possa oferecer meu colo a quem não pediu,
mas, que mostrou com o olhar sua dor
Ó Demeter, Deusa mãe!
Faz-me agir com mais carinho.
Ajuda-me a tratar com mais cuidado aqueles que vejo tão ressecado de amor.
Faz-me amor!

Para que assim eu possa perdoar - quem como eu  - se impõe o orgulho e a vaidade - mostra cara de coragem e esconde a dor.

Escrito em 2010.

29 agosto, 2016

Lilás

Gosto de pintar as unhas.
Ir ao salão, colocar pés e mãos na água e ver o processo de 'lapidação": Escarna, limpa, corta, serra, esfolia e pinta.  Sempre saio satisfeita. Sem o peso nos pés e com a sensação de que beleza é tudo que se assemelha a pintura de meus dedos. Sinto-me feminina, e dependendo da cor: meiga, poderosa, discreta, sexy, sem noção...
Enfim, hoje foi um dia que saí cedo para fazer as unhas.
Acordei entre o sim, o não e o talvez. E precisava decidir:
- Vou? Não vou? E se...?
Fazer as unhas ajudaria a solucionar a questão. E entre tantas cores escolhi o lilás.
Sim, precisava ser discreta.

Se eu decidisse ir, precisava ir assim...  Lilás bem clarinho.

Escrito em 2010.

28 agosto, 2016

Filme: August: Osage County ou Album de Família


Quando as pessoas decidem culpar os outros por suas infelicidades e carregar sobre os ombros o lixo acumulado de suas ações destrutivas tornam-se tão cruéis e amargas que nem um tipo de amor é capaz de recuperar a beleza que um dia essas pessoas tiveram.

A sorte de assistir um filme desses sozinha é poder chorar como uma criança diante a dor dos outros representadas pela brilhante atuação de Meryl Streep e Julia Roberts.

Se eu não tivesse que focar na tese agora escreveria uma longa resenha sobre esse filme porque definitivamente vale a pena. #SuperIndico

09 agosto, 2016

Acreditar é ter fé

Nos recentes mergulhos no oceano do inconsciente descobri que não acreditava de fato que existiria algum único homem honesto, leal e fiel à mim. Não porque que não merecesse, ou não desejasse. Mas porque internalizei as crenças do inconsciente coletivo brasileiro:
- Homem não é fiel!
- Homem é traiçoeiro!
- Homem é mentiroso!
- Homem é tudo igual!

Que cruel! Crenças que destroem infinitas possibilidades de entrega ao relacionamento a dois.
Que difícil uma vida sustentada na desconfiança e no medo do outro, da dor, do chifre!!!
Que difícil equilibrar uma relação com um homem quando se parte de uma lógica tão cruel que o insere em grupos tão insólitos da humanidade. Julgados e condenados antes de qualquer prova real. Nasceram homens, por isso infiéis às mulheres! Que cruel!
Cruel para nós mulheres, e sobretudo, para estes homens que nascem dentro de um modelo.

Agora percebo o quanto eu vivia atormentada com essas vozes dentro da minha cabeça.

Crenças, crenças, crenças. Do tipo que nos aprisionam em enredos dramáticos. Do tipo que nos faz gastar muita energia para o controle do outro, das outras e de nós mesmas, que nos enganamos que esse controle é segurança!

Cansa! E eu cansei!

Declino do poder de controle sobre o tempo e o espaço do outro. 
Quando alguém assume um relacionamento a dois é porque quer um relacionamento a dois. Pronto.

Vou acreditar na honestidade, lealdade e fidelidade dos homens, assim como acredito na das mulheres. E qualquer coisa que escape a isso é um erro de caráter, e não de gênero.

Acreditar no outro é uma questão de fé. Fé em si mesma e na capacidade de se recriar para ser feliz.

25 julho, 2016

Fortaleza

Caminhando pela cidade de Fortaleza
Surpreendo-me com o que vejo.

Coisas feias me assustam.
E as erradas também.

O desafio é me aproximar e conhecer.

Pois a justiça é cega
e a beleza é relativa.

23 julho, 2016

Relações tranquilas

Decida se você quer receber do seu par
 demonstrações de ciúmes,
                          ou manifestações de amor!!!

Uma coisa exclui a outra, mutuamente.
e o amor, é infinitamente melhor.





21 julho, 2016

Prometo

- Prometo não me imiscuir entre o outro e suas próprias decisões
                        (só quando - e se - solicitada)

- Prometo não reputar o outro e suas atitudes.
                       (nem quando - nem se - solicitada)



10 julho, 2016

Pontes

Olho para fora....
E vejo tantas motivações para viver.
Lugares para conhecer.
Trabalhos a fazer.
Atividades para realizar.
Conhecimentos a apreender.
Encontros para organizar.
Lares para construir.

Caminho....

Olho para dentro....
E vejo os sentidos para viver.
A mulher que quero ser.
As pessoas que quero amar.
Os filhos que quero educar.
O ego que quero destituir de poder.
A essência divina que quero iluminar.

Caminho...
Construindo as pontes que diminuirão os abismos entre o fora e o dentro.



03 julho, 2016

Quem fala muito, escuta pouco

Observo aquela mulher agonizando
entre uma vida honesta -  desejante
e uma vida que ela conta - com tantas mentiras
que ela não vê, nem percebe, nem sente.

Mas fala fala fala fala fala fala fala fala
sem parar!

Seus olhos ausentes do brilho da juventude
seu corpo esbelto sem vitalidade
suas atitudes sem a sabedora da maturidade de sua idade
E uma boca em contante movimento,
agressiva!

Fala fala fala fala fala fala fala fala
sem parar!

Observo aquela mulher
como quem olha pra si mesma em um passado recente.
Com a certeza que valeu a pena o mergulho nas profundezas do inconsciente
com  dor e desassossego
no processo de auto-conhecimento
e do silêncio.

Aquela mulher que fala fala fala fala
Tem pouco tempo de sentir,
observar
e principalmente, ouvir.

Assim padece.


23 junho, 2016

Uma vida sem Facebook, parte II

Vejo mortos-vivos com os olhos fixados em telas pequenas.
Monossilábicos,
com os dedos no controle,
parecem ter o mundo nas mão.
Quanta ilusão.!!!
Que um dia eu vivi intensamente!
(E que se não me vigiar posso voltar a viver)

Nas conversas,
meras reproduções das infinitas publicações.
Que me interessam menos,
                                         menos
                                                  e menos.

- Você viu aquele vídeo da violência explícita circulando hoje no Facebook?
- Não!

- Você viu os comentários do discurso do senador tal?
- Não!

- Você viu as fotos da fulana???
- Não!

- Você que o status de sicrano mudou?
- Não!

- Você viu quanta gente curtiu a foto tal?
- Não!

Fico pensando em devolver as perguntas e indagar se viram as coisas que eu vi...
Mas o que eu vejo não está no Facebook.
Então, deixa pra lá.

Às vezes é solitário não fazer mais parte desse movimento.

Por anos fui refém da vaidade de me mostrar e do orgulho de ser curtida.
Fui refém da necessidade de ter opinião sobre todas as coisas
e de julgar tantos outros por suas opiniões
Refém da necessidade de me comunicar constantemente.

Defendi com veemência - por anos -  todas as vantagens de ter uma conta na grande rede azul,
e hoje penso o quanto perdemos da vida quando estamos conectados a essa grande armadilha.

- Tem vantagens?
- Acredito em algumas.

Falaremos delas em outro momento.


11 junho, 2016

Monólogo III

- Não, você não perguntou. Não perguntou como estou. Não perguntou sobre meus sentimentos. Não perguntou sobre minhas emoções. Não perguntou sobre meus desejos. Nem mesmo sobre meu trabalho ou sobre meu filho. Sobre meu coração, meu namorado. Não! Você não me disse que pensou em mim, não me disse que sentiu saudades, muito menos que sente minha falta. Não disse nada que me fizesse sentir especial. Você só chegou e falou. falou por horas. Respondeu minha única pergunta e foi falando. Falou da sua mãe, do seu trabalho, dos seus problemas. Falou da sua posição política, da série de TV que gosta. Falou daquelas suas amigas que fazem coisas esquisitas. Até rimos. Mas dai você se despediu, rapidamente, entre uma palavra e outra,  bem no momento que eu ia começar a falar de mim. 

03 junho, 2016

Quem quer?

Eu quero ser amada.
   Tu queres ser amada.
       Ela quer ser amada.
          Ele quer ser amado.
              Nós queremos ser amados.
                 Vós quereis ser amados.
                     Elas querem ser amadas.
                         Eles querem ser amados.

Mas...

Quem quer amar?        

26 maio, 2016

Votos

Sim. Eu aceito o brilho dos teus olhos, a alegria do teu sorriso. Aceito tuas lágrimas de tristeza e dor. Aceito tua liberdade de ir e vir. Aceito tua sedução. Aceito o poder que exerce. Aceito o teu esforço e tuas conquistas. Aceito tua solidão. Aceito tuas fragilidades. Aceito tua coragem! Aceito tuas longas horas de trabalho. Aceito teu silêncio e teus gritos. Aceito tua desorganização. Aceito tua sabedoria.

MAS...

Não. Não aceito tua vaidade. Não aceito tua luxúria. Não aceito teu orgulho. Não aceito as mentiras que construiu como muralhas de proteção. Não aceito teu egocentrismo, muito menos  teu egoísmo. Não aceito tua arrogância e prepotência. Não aceito os cumprimentos formais. Não aceito os gestos (nem os verbos) tão frios. Não aceito a ignorância disfarçada de verdade.

24 maio, 2016

"Amar e mudar as coisas me interessam mais"

Assusta-me saber que vou morrer.
      Contudo, a ideia de viver uma vida miserável, egoísta e inconsciente me assusta mais.

Assusta-me ouvir pessoas dizer que nunca mudarão.
     - assinando a própria ignorância como algo irremediável.

Afirmações egóicas
Do orgulhoso
Do vaidoso
Do preguiçoso
Da cobiça

É preciso coragem e silêncio para viver a essência
Da generosidade
Da paciência
Da compaixão
Do amor

O que espera de mim, menina?*

Depois do ato de amor o sono fugiu.
Ele dormiu.
Vou a estante.

Encontrei Verlaine.
Mas não entendia os sentimentos naquelas palavras.
Voltei a estante...
peguei Cecília Meireles
E encontrei o amor na forma que eu queria dizer e diria, se assim pudesse!
Talvez por isso eu a entenda melhor que Verlaine.
E não é que ela escreveu um poema pra ele... !

Trago-te a flor contra o pecado
e contra o sofrimento.
Com seus perfumes te engrinaldo,
entre fitas de vento


A leitura (ou seria os poemas) me deixou inquieta
Saio do quarto e vou ao computador
Necessidade de escrever.
Sobre ontem, sobre sentimentos, sobre palavras...
Mas ainda não sei o que dizer
O papo de ontem sobre aquele rapaz trouxe a tona um pensamento freqüente:
Ele!

A lembrança das danças, da música ouvida e cantada, do amanhecer na praia, das promessas, dos risos...
Tudo acabou.
Eu falei das coisas ruins e as boas
ficaram aqui
Martelando Martelando Martelando....

Daí o sentimento de culpa vem também
Por que eu não desejo mais pensar nele
Meu amor está na cama dormindo.

Por que ainda bate tão forte essas lembranças?
Por que ainda guardo tanta mágoa?
Por que há tanto desejo de vingança??
E por que ele ainda está aqui, em pensamento?

Ah!
Queria vê-lo sentir-se só!
Queria vê-lo chorar de dor!
Queria vê-lo pedir perdão!!
Queria vê-lo passar pelo que eu passei.

Isso tudo é bobagem, eu sei
Coisas de menina boba e rancorosa
Mas você sabe que razão e emoção caminham por trilhas diferentes e opostas
Não desejo isso de coração!
Tanta contradição.

Ontem, enquanto você falava nele eu te admirava
mas também te odiava!
Não queria ouvir que você viveu momentos tão semelhantes aos meus!!!

- O que espera de mim, menina? Por que me contou tantos detalhes?

Talvez ele seja o elo que nos tornará amigas
Ou o que não nos deixará sermos!

Acabo de acender o cigarro que não deveria
Estou mais leve e quieta
E já sinto vontade de ir dormir

*Escrito em Março de 2007

17 maio, 2016

Propósitos

Qual a intenção do teu olhar?
e de tua fala?
e dos teus gestos?

Com que intenção pergunta sobre o outro?
Como vai teu pai,
tua mãe,
teus amigos?

Qual a intenção do teu trabalho?
de acordar cedo?
de sair tarde?

Com que intenção acumula os livros?
e o dinheiro?
e os amigos no Facebook?

Qual a intenção da vela acesa?
do terço rezado?
da meditação em silêncio?

Acumula homens e mulheres?
Com que intenção?

Qual a intenção de teus passos?
Qual teu proposito nesta vida?
Qual o plano?
Qual a intensidade da tua intenção?

13 maio, 2016

O sabedor

Ver aquele homem
sem propósito
cheio de pose de sabedor
com a aquela mulher dando-lhe comida na boca e lavando suas roupas
é algo de embrulhar o estômago

Um homem de 30 anos que joga nos brinquedinhos a energia que deveria usar - também - para trabalhar.
Ou para lavar o banheiro
ou varrer a casa onde mora.

Um homem!
com pêlos nas pernas, no peito e na cara
cujos compromissos
giram em torno do próprio umbigo
mas os discursos...
coletivos
ah,
são sempre
 tão bonitos !


Monólogo II

- Vem, diz pra mim que me ama. Prova que sou único. Faz-me sentir que tenho a amante, a mãe e a amiga em uma única mulher. Aquela que fará todos os esforços para me fazer feliz. Vem, seja aquela que apoia o seu grande homem. Prometo prosperar. Te darei um nome, um lar, filhos para você cuidar. Deixa de crise. Deita na cama. Vamos fazer amor. Amanha te levo para jantar. Faz-me sorrir e gozar. Sim, grita de prazer. Faz-me sentir viril, homem macho. Não, não faz essa expressão triste. Você não tem motivos. Alegre-se, vamos ver um filme. Diz que me ama. Preciso saber, ter certeza. Se eu tenho seu amor, sou capaz de amar você incondicionalmente.

O mentiroso

- Por que mente, ó Homem?
Por que se refuta a responder perguntas tão simples?
O que o amedronta?
O que há dentro de ti que precisa esconder?

- Mostra-se!
Revela-se para mim
mais real, próximo, quente e sensível.
Construa pontes entre os abismos - de gênero

- Por que continua a mentir, ó Homem?
O que há de tão ofensivo nas perguntas femininas?

- Diz-me!
Não certos ou errados
Olha para dentro de você, veja
Observe as mentiras que diz com tanta verdade
Por que? Por que? Por que?

- Saia desse pedestal intocável
Dialoga!
Expressa-se na relação comigo,
uma Mulher.

12 maio, 2016

Erros

Sou capaz de perdoar erros,
todas as traições,
infidelidades,
mentiras.
Perdoo e entendo
os meus erros e os demais.

Não é um processo fácil, mas sou capaz
Graças ao tempo.

(Só não posso me violentar seguindo ao teu lado,
com medo.)

Confiar novamente,
amigos, amores, fantasmas...
é algo que ainda não consigo!
Quero.
Requer inocência, ingenuidade,
o que por hora é difícil.

Como admirar depois de erros tão nocivos?

(Só posso acreditar em mim, e na minha capacidade de renascer.)
Florescer.
Novo jardim.

Segue teu caminho,
vai!
Olha para trás e me dá adeus!
Vou acenar
Vou te olhar, te ver partir
sem julgamentos...

Vai, se despeça
leva contigo um beijo.
só não siga mais ao meu lado,
por favor
Será um grande tormento.

10 maio, 2016

Monólogo

- Olá! Entre! Fique a vontade, Se quiser, faça suas perguntas. Se desejar, mostre seus interesses. De forma honesta, claro. Sejam eles carnais, espirituais. Honestidade me agrada. Palavras e posturas que correspondem a energia do corpo e do olhar. Isso! Mostra-se. Deixa eu ver o que existe mesmo dentro de você. Que linda é a complexidade humana, não? Chega de muros e máscaras. Pontes para a intimidade. Gosto disso.

05 maio, 2016

Amar é...

despir-se da vaidade de olhar a própria imagem,
é anular o orgulho exacerbado das conquistas individuais
é desapegar-se do ego-centrismo!

01 maio, 2016

Sol

É preciso coragem para morrer - a cada noite
e muita esperança
para renascer ao amanhecer.

30 abril, 2016

Vaidade

Despir-se da vaidade
diante da necessidade dos elogios
Eis um - gigante desafio.

Crenças limitantes

Nos movemos (inconscientemente)
em função de nossas crenças.
- crença no trabalho que dignifica o homem
ou na miséria da exploração opressora.
- crença no deus que ajuda quem cedo madruga
ou que a noite de sono é curta e por isso a vida não é justa.
- crença no amanhã que será um dia melhor,
porque é sábado.

Para uns,
a crença em deus,
no sol,
na lua,
na sorte.

Para outros,
crença no dinheiro,
no sucesso,
no azar,
no destino.

Crenças em si mesmo:
o teimoso
o perfeccionista
o preguiçoso
o verdadeiro isso
eu não aquilo.

Crenças no outro:
o culpado
o egoísta
o invejoso
o traidor
o mentiroso
o corrupto.

E a crença naquele que tem a vida melhor,
mais farta,
mais verde.
mais bonita.

Inconscientemente nos movemos
nutridos por crenças que nos limitam.
Convicções que fundamentam
nossa ignorância
nossa teimosia
intolerância
E arrogância.

Crenças pessimistas
e destruidoras!
Desse tipo,
mudar é preciso.

19 abril, 2016

Lua

Contemplo a lua em todas as suas fases:
nova, crescente, cheia, minguante,
e esforço-me para perceber em seu ciclo, o meu.
menstruação, folicular, ovulatória, lútea.

Com a Terra e o Sol
ela brinca de fazer sombra e luz
enquanto giram...
giram
giram
giram
Numa ciranda mística.

E eu contemplo.
E percebo-me nessa roda:
a alma
a mãe
a mulher
e emoção
a sensibilidade

E na astrologia, ah
é o princípio feminino.
E se mostra e se esconde...

Enquanto eu contemplo,
no meu templo.
o Luar é para mim
alguma forma de oração.

Sobre emoções

Asseadas demais,
polidas demais,
neutras demais.

Sem expressão
sem ação
sem reação.

Pessoas que não se manifestam emocionalmente me assustam.




18 abril, 2016

Amor próprio

Ando a perceber as sensações do corpo,
sem julgá-las.

Ando a observar a mim mesma
de olhos fechados
sentindo as emoções,
a anergia e a vibração.

Ando a abrir os olhos
como a bebê que acabou de nascer
e olhar pela primeira vez
de forma ingênua
(mesmo que já tenha visto antes).

Contemplando o que eu posso ver
e fechando os olhos para não ver
o que eu posso sentir melhor
como se fosse a última vez.

Tem sido uma descoberta incrível:
o amor próprio
e  a beleza do que sou
na saúde e na doença.

Amor próprio sem narcisismo, sem egoísmo, sem egocentrismo.
Amor próprio como o caminho para amar melhor.

09 abril, 2016

Organizando as emoções

Já se vão quatro dias de tristeza.
Com essa emoção eu posso viver!
Mais tranquila que a raiva,
me sinto em paz.

A raiva bombardeava minha mente com tantos pensamentos tóxicos e destruidores...
Explosiva, faz-me sempre sentir uma terrorista.

A tristeza não,
é silenciosa
vem solitária,
não há vozes dentro de minha cabeça me enlouquecendo
não há nada em meus pensamentos,
só o vazio.

07 abril, 2016

O guardador de rebanhos

Meu filho lia o poema, quase inaudível, enquanto esperávamos o trem chegar.
E eu pude sentir cada palavra, sem pensar nos sentidos delas.

Viver é isso!
... sentir sem pensar!


29 março, 2016

Justificativas

Cansei de dar justificativas que ninguém solicitou
explicações
descrições
afirmações
De quem sou ou de quem deixei de ser.

Apenas ser e existir
Dançar conforme as músicas de minhas emoções
conectando-me a cada instante, sem análises.

27 março, 2016

Uma vida sem Facebook, Parte 1

Sinto que deixei de existir para um público
Só eu e quem está comigo sabe das coisas que estou vivendo.
Sem compartilhamentos
Sem curtidas
Sem comentários.

A vida é o que é,
sem registros
sem platéia
sem julgamentos
Sejam eles bons ou não.

As vezes me sinto uma desertora
as vezes me sinto solitária
desconectada do mundo
e muito desatualizada, mesmo que leia os jornais todos os dias

Sinto que deixei de existir do jeito que a maioria dos que conheço existe
E deixei de saber como existem
as modas que seguem
as novelas que assistem
os partidos que apoiam
a notícia que bombou

Mas na maioria das vezes sinto que sou uma uma revolucionária
criando uma outra forma de viver
presente
atenta ao pequenos detalhes
das gentes
dos sons
das cores
dos cheiros
das palavras











09 março, 2016

Preguiça no amor

No início dos relacionamentos há sempre um grande investimento em compreender o ser amado e em mostrar o quanto estamos empenhados em conquistá-lo.

Com o tempo... vem a preguiça.

E essa preguiça é a dona Morte com seu machado.

06 março, 2016

Intimidade

Dizem por aqui que ter intimidade com alguém é tirar a roupa sem vergonha
Usar o banheiro com o outro sem pudor
Evacuar no sanitário enquanto conversa sobre os planos
Escovar os dentes na esma escova.

Acho tudo isso tão fácil

Difícil é remover a roupa da alma
e mostrar a luz divina interior
E o amor
e a sombra do ego que oprime
E o horror
e revelar para o outro as próprias contradições

Mostrar os monstros
Mostrar os sonhos
assumir os erro e os desejos do acerto
olhando nos olhos

Isso é intimidade para mim
Das mais difícil de se trocar.


01 março, 2016

13º dia do ciclo menstrual

Como se eu estivesse cheia de gases inflamáveis
saindo por todos os poros
na iminência de explodir
Basta que alguém se aproxime
com qualquer faísca.

21 fevereiro, 2016

Ordem e desordem

Sou verbo,
Sujeito,
E predicado!
Voz passiva e ativa
As vezes sem coerência
Em busca de coesão!

Sou movimento
Ação
as vezes quieta, quase sem reação
Sempre expressiva
tenho a impressão!

Se precisar gritar, vou gritar
Se precisar chorar, vou chorar
Se precisar silenciar, vou silenciar
Se precisar ouvir, vou ouvir
Se precisar decidir, vou decidir
Me reconhecem assim?
Talvez Dona de mim! Talvez não.

Sou intuição
Sou emoção
Sou sentimento
E sou razão!
Nessa ordem
e também desordem!

13 fevereiro, 2016

05:10

05:10. Acordei alguns minutos antes do despertador tocar como de costume e fiquei ali, imóvel, com os olhos bem abertos, buscando dentro da mente recuperar os detalhes do sonho: elefante, ônibus, amor, pai, mãe, filho, praia, golfinhos, armas, tiros, carro, violência. Registrei tudo no caderninho, pesquisei nos sites alguns elementos para me ajudar na interpretação das mensagens do meu inconsciente, alonguei e levantei. Desperta para o novo dia. Orgulhosa com a conquista do hábito adquirido. Houve um tempo que eu dizia: Credo! Acordar cedo é coisa de doido! E aqui estou eu hoje - uma doidinha acordando cedo e feliz! 

03 fevereiro, 2016

Atravessando o deserto

Aqui estou eu
Deserta
Nesta região quase desabitada 
chuvas tão irregulares
clima árido
Um Saara

Atravesso.
vou,
Sei que preciso.

Arrisco-me!
Encontrarei água,
pura,
intuição
sigo!

01 fevereiro, 2016

Um mergulho em mim

Conhecer a mim mesma tem sido o grande desafio de minha vida
Olhar para dentro
Mergulhar!
E quando lá, fechar os olhos e sentir

A respiração
a pulsação
o fluxo sanguíneo
O que muda com cada emoção?
E por quê?

Mergulhar e sentir
O que está vivo? Deixar viver
O que está morto? Deixar morrer

Sair de mim e renascer
Ser melhor
Para mim
E para você!

24 janeiro, 2016

Relacionamentos acabam!

Relacionamentos acabam!
Não porque acabou o amor...
Amor não acaba!
Esgotam-se as capacidades de resolver os conflitos
Ou nos cansamos deles
Ou tornam-se desnecessários
Abusivos
Ou apenas achamos injusto ter que lidar com as coisas desagradáveis.

Relacionamentos acabam!
Porque acabou a felicidade de viver a dois
Cada dia é uma dor sobre ausências
a intimidade que acabou
a carta que não chegou
o fogo que não acendeu
o olho que não brilhou!

Relacionamentos acabam!
E ninguém quer aceitar, insistem no recomeço
Voltas e voltas...
Mentiras para si mesmo
O esforço de se reinventar
Quedas no mesmo lugar!
É preciso aceitar...
Acabam!

16 janeiro, 2016

Filme: Old fashioned

Foi em 2014 que alguém me disse que eu era uma romântica incurável. Eu fiz cara de surpresa, e de fato assim fiquei. Neguei! Sou feminista! (opostos?) Mas desde então tenho me observado intimamente quando estou sozinha e constatado que outras pessoas podem saber mais sobre nós que nós mesmos.

Depois de outro dia produtivo com minha tese, tudo que eu desejei foi ver outro filme bem romântico. Hesitei, já tinha visto um ontem, procurei na minha lista de filmes históricos, políticos, biográficos, ganhadores de Oscar, diretores consagrados. 

Em vão... Iria assistir sozinha em meu quarto. Ninguém iria ver. rsrsrsr Relaxei e fui para a categoria dos corações apaixonados. 

Depois de ler algumas sinopses, Old fashioned foi escolhido pela seguinte frase: "Ambos aprenderão que superar o medo e as feridas do passado pode ser uma tarefa difícil, mas vital na construção de uma relação sólida".

Há uma carga cristã que eu ignorei. Doses machistas que perdoei. E claro, doses racistas como a maioria dos filmes fora do continente africano. Mas foram as cenas de conflito existencial e de envolvimento sensual que acessaram minhas lágrimas.

A pauta que destaco do filme é o quanto deixamos o amor nos modificar para fazer dar certo um relacionamento. O quanto deixamos o amor resignificar as impressões de situações ruins que vivemos no passado. O mais fácil é se esconder atrás das feridas com a ilusão de que estaremos nos protegendo e protegendo o outro. O que se torna em uma punição e uma negação do verbo amar.

Viver um relacionamento à dois pode fazer os dois envolvidos felizes. Bastam que individualemente decidam ser felizes sozinhos.

Registro feito. Agora é dormir. 

05 setembro, 2015

Filme: Quando um homem ama uma mulher



O que mais gosto nesse filme, que já assisti inúmeras vezes, é ver a grandeza do amor e do exercício de amar de um casal. Sem esquecer, claro, dos conflitos individuais tão bem construídos. Tenho observado que nós, homens e mulheres, condenamos ações amorosas como um ato de fraqueza. Pedimos amor e muitas vezes quando encontrarmos, passamos a só buscar razões para desistir dele.

Aceitar o outro diante de suas fraquezas, declarar publicamente sua cumplicidade e admiração, cuidar, elogiar repetidas vezes, fazer gentilezas para o ser amado se sentir feliz são atitudes que analisamos, na maioria das vezes, como postura de um fraco, um bobo, um ridículo, um inocente, uma pessoa que não tem domínio de sim.

Na ficção, Michael, interpretado por Andy Garcia, ama uma mulher alcoólatra que comete erros desconsiderando seu par e suas filhas. Na verdade o enredo não é tão simples assim, e também, não é a razão da minha escrita.

Quero aqui falar aqui das ações de um homem que ama e brindá-las!


O filme mostra que Quando o homem ama uma mulher (nome do filme), ele pergunta como ela se sente e a ouve atentamente. Ele tenta entender as razões de seus erros, não a condenando e fica ao seu lado no momento de acesso de raiva quando a carro do vizinho dispara o alarme e a acorda e joga nele ovos, jogando também.

Quando um homem ama uma mulher olha nos olhos e diz que vai ficar ao seu lado e ajudá-la a superar seus medos. Entende que em algum momento pode a estar sufocando e que ela vai precisar de espaço e de momentos de intimidade com outras pessoas queridas, como pais, filhos, amigos e amigas. Este homem que ama, abraça forte e em silencio para acalmar, confortar ou até mesmo para impedir novos passos da sua amada, pois quem ama tem medo de perder e muitas vezes não sabe lidar com suas inseguranças.

Quando um homem ama uma mulher pode até gritar, num conflito, para dizer de sua dor, mas terá o cuidado para não fazer sua amada se sentir culpada e humilhada. E até silencia diante do seu ciúme...

É assim que Michael mostra a Alice seu amor no filme. Ele ama e a ensina a amar.

Um brinde ao amor romântico!

Escrito em 29/07/2012


FICHA TÉCNICA
Diretor: Luis Mandoki
Elenco: Meg Ryan, Andy Garcia, Ellen Burstyn, Tina Majorino, Mae Whitman, Philip Seymour Hoffman
Produção: Ronald Bass
Roteiro: Ronald Bass, Al Franken
Fotografia: Lajos Koltai
Trilha Sonora: Zbigniew Preisner
Duração: 126 min.
Ano: 1994
País: EUA
Gênero: Drama

Filme: Pulp Fiction - Tempo de Violência

Essa cena me comove.
 Guardadas as devidas proporções: identifico-me. 
- Drinks? Music?
Mia se entrega a dança... em movimento leve, desprendida e feliz 
Dança
Dança
Dança
São alguns instantes,
 até ela se lançar ao abismo - sem saber.

É sutil a transição de um instante de prazer genuíno
ao momento de prazer condicionado a dor. 

Acorda garota, você será uma mulher em breve

"Girl, you'll be a woman soon
Please come take my hand
Girl, you'll be a woman soon
Soon, you'll need a man"




Ficha técnica:
titulo original: (Pulp Fiction)
lançamento: 1994 (EUA)
direção: Quentin Tarantino
atores: John Travolta , Samuel L. Jackson , Uma Thurman , Harvey Keitel , Tim Roth
duração: 154 min
gênero: Policial


Elenco:
* John Travolta (Vincent Vega)
* Samuel L. Jackson (Jules Winnfield)
* Uma Thurman (Mia Wallace)
* Harvey Keitel (Winston Wolf)
* Tim Roth (Pumpkin)
* Ving Rhames (Marsellus Wallace)
* Eric Stoltz (Lance)
* Rosanna Arquette (Jody)
* Bruce Willis (Butch Coolidge)
* Quentin Tarantino (Jimmie)
* Amanda Plummer (Honey Bunny)
* Christopher Walken (Capitão Koons)
* Maria de Medeiros (Fabienne)
* Steve Buscemi (Garçom)
* Joseph "Joe" Pilato (Dean Martin)