30 agosto, 2016

Deméter

Deméter, Deusa mãe
Daí-me o poder da doação!
Que eu possa oferecer antes de pedir.
Que eu possa entender uma dor que não seja minha.
Que eu possa oferecer um copo d’água a quem chega cansado,
mesmo que me tire de um sono.
Que eu possa oferecer meu colo a quem não pediu,
mas, que mostrou com o olhar sua dor
Ó Demeter, Deusa mãe!
Faz-me agir com mais carinho.
Ajuda-me a tratar com mais cuidado aqueles que vejo tão ressecado de amor.
Faz-me amor!

Para que assim eu possa perdoar - quem como eu  - se impõe o orgulho e a vaidade - mostra cara de coragem e esconde a dor.

Escrito em 2010.

29 agosto, 2016

Lilás

Gosto de pintar as unhas.
Ir ao salão, colocar pés e mãos na água e ver o processo de 'lapidação": Escarna, limpa, corta, serra, esfolia e pinta.  Sempre saio satisfeita. Sem o peso nos pés e com a sensação de que beleza é tudo que se assemelha a pintura de meus dedos. Sinto-me feminina, e dependendo da cor: meiga, poderosa, discreta, sexy, sem noção...
Enfim, hoje foi um dia que saí cedo para fazer as unhas.
Acordei entre o sim, o não e o talvez. E precisava decidir:
- Vou? Não vou? E se...?
Fazer as unhas ajudaria a solucionar a questão. E entre tantas cores escolhi o lilás.
Sim, precisava ser discreta.

Se eu decidisse ir, precisava ir assim...  Lilás bem clarinho.

Escrito em 2010.

28 agosto, 2016

Filme: August: Osage County ou Album de Família


Quando as pessoas decidem culpar os outros por suas infelicidades e carregar sobre os ombros o lixo acumulado de suas ações destrutivas tornam-se tão cruéis e amargas que nem um tipo de amor é capaz de recuperar a beleza que um dia essas pessoas tiveram.

A sorte de assistir um filme desses sozinha é poder chorar como uma criança diante a dor dos outros representadas pela brilhante atuação de Meryl Streep e Julia Roberts.

Se eu não tivesse que focar na tese agora escreveria uma longa resenha sobre esse filme porque definitivamente vale a pena. #SuperIndico

09 agosto, 2016

Acreditar é ter fé

Nos recentes mergulhos no oceano do inconsciente descobri que não acreditava de fato que existiria algum único homem honesto, leal e fiel à mim. Não porque que não merecesse, ou não desejasse. Mas porque internalizei as crenças do inconsciente coletivo brasileiro:
- Homem não é fiel!
- Homem é traiçoeiro!
- Homem é mentiroso!
- Homem é tudo igual!

Que cruel! Crenças que destroem infinitas possibilidades de entrega ao relacionamento a dois.
Que difícil uma vida sustentada na desconfiança e no medo do outro, da dor, do chifre!!!
Que difícil equilibrar uma relação com um homem quando se parte de uma lógica tão cruel que o insere em grupos tão insólitos da humanidade. Julgados e condenados antes de qualquer prova real. Nasceram homens, por isso infiéis às mulheres! Que cruel!
Cruel para nós mulheres, e sobretudo, para estes homens que nascem dentro de um modelo.

Agora percebo o quanto eu vivia atormentada com essas vozes dentro da minha cabeça.

Crenças, crenças, crenças. Do tipo que nos aprisionam em enredos dramáticos. Do tipo que nos faz gastar muita energia para o controle do outro, das outras e de nós mesmas, que nos enganamos que esse controle é segurança!

Cansa! E eu cansei!

Declino do poder de controle sobre o tempo e o espaço do outro. 
Quando alguém assume um relacionamento a dois é porque quer um relacionamento a dois. Pronto.

Vou acreditar na honestidade, lealdade e fidelidade dos homens, assim como acredito na das mulheres. E qualquer coisa que escape a isso é um erro de caráter, e não de gênero.

Acreditar no outro é uma questão de fé. Fé em si mesma e na capacidade de se recriar para ser feliz.